sexta-feira, 3 de abril de 2009

Direcções

Estou no Amial. Ou em Arca d'água não sei bem. A placa onde saí dizia: "Amial/ Arca d'água". É aqui que estou.
Hoje tive que ter, mais uma vez, aquele tipo de intervenção que me incomoda deveras: explicar porque há atrasos. É uma conversa infelizmente recorrente para quem trabalha com apoios comunitários mas mesmo assim não agradável.
Entretanto, e no meio de vários pequenos incidentes/ acontecimentos que dão alguma cor aos meus dias, num dos grupos onde estive sai uma daquelas pergunta: "Então como está a cadelinha?" Foi como se me puxassem para fora de mim e me deixassem, de novo, a pairar para os tempos passados. Saudoso e só. Sim, só. Senti-me de novo só naquele instante. Faltou-me algo. Bem, não era algo mas alguém. Sim, alguém. Senti de novo falta a Bala. Era de alguém mesmo. Lá expliquei o meu rico mês de Agosto. Reacção habitual.
Mais para o final da tarde/ início da noite decidi que estava na altura de voltar ao cinema. E o que vou ver então? Confesso que ter saltitado 3 Centros Comerciais do Grande Porto à procura de um filme que me apetecesse ver e que não corresse o risco de terminar estupidamente tarde, não foi algo que ajudasse a uma sanidade mental por aí além. Dúvidas existenciais tremendas sobre o que ver ("tenho que ver um filme mesmo bom, há-que aproveitar!") e tudo muito bem ponderado, decidi: "Marley & eu."
Não terá sido a melhor escolha. A ideia era Jennifer Aniston (ok, confesso...), cães, boa-disposição e foi exactamente isso que saiu. Mas tive direito a mais: little boxes, planos de vida, crescimento em conjunto, perda... Não foi, de todo, a melhor escolha.
Na viajem desde o Centro Comercial escolhido até à placa "Amial/ Arca d'água" batalhei com os meus neurónios e cheguei mesmo a pensar que desde o acidente que trabalho muito mais. Os meus dias são muito mais preenchidos com trabalho. Começam cedo e normalmente acabam muito tarde. Daí hoje a sensação de que me iria saber muito bem o tal cineminha. Mas apercebi-me, quando agora dediquei um pouco mais de tempo a pensar sobre isso, que esta minha maior ocupação de tempo não vem desde o acidente mas desde um pouco antes. Desde o início de Agosto. Ok, viria já desde o início do ano (com todos os problemas lá pelo ganha-pão) mas a minha distribuição de tempo obrigava-me a estar em casa a determinadas horas sem falta. Hoje dou por mim ainda a trabalhar a horas que não lembram a ninguém só porque... posso. Não é do melhor, eu sei. Mas é o que há. De momento é o que há e é a isso que me agarro. Mas falta algo mais. Algo que eu sei que enquanto procurar não há-de aparecer. It´s just one of those things...
E assim cá estou no Amial (ou em Arca d'água não sei) levianamente, como que se pudesse estar aqui o tempo que quisesse, ou mesmo noutro lado qualquer, e isso não tivesse qualquer importância. Não há nada que me "obrigue" a estar de volta onde quer que esteja. E eu, que não sofro do síndrome de Peter Pan, gosto de ter coisas que me prendam. Só a sopa no frigorífico e ter que enfardá-la toda antes que se estrague, não chega...

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