quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Dilemas de uma estranha semana...

De facto, o som desta senhorita abaixo, Regina, é muito bom. Melhor ainda, quando traz boas recordações consigo... E definitivamente que traz.
No entanto, dou por mim com dilemas de águas passadas (?) que continuam a implicar decisões para o futuro (próximo...). E por causa destes dilemas, e principalmente de uma cabidela como nenhuma outra, de um crème brûlée, queimado na hora e frio, como nenhum outro, broa e tudo o mais que possa imaginar, feito especialmente para mim, e com gosto, não sei, de novo, como reagir. Mas sinto-me tão bem lá...
Já não penso. Mas está lá. Continua lá. E não consigo dizer que não, ao que está à sua volta. E provavelmente deveria conseguir. Só que ainda é cedo. Mas já está tudo tão distante... E existe um entusiasmo grande para outras bandas, que me faz maravilhas! Mas...
Não sei ainda como vai ser o último dia da minha semana. Ainda não consegui decidir. Veremos...
Para ajudar a festa, a minha perseverança parece esmorecer de quando em vez. E o mês de Agosto, está-se a revelar um excelente arrebatador de esperança. Não é algo que me agrade. Mais uma vez, mas agora para algo me rouba agradáveis sorrisos constantemente: veremos...
Amanhã já volto para cima. Mais uma vez sem a minha companhia de eleição. Veremos como será o Setembro (I know how I'd like it to be!).

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João disse...

Fernando Pessoa, Insónia

"Não durmo, nem espero dormir.
Nem na morte espero dormir.

Espera-me uma insônia da largura dos astros,
E um bocejo inútil do comprimento do mundo.

Não durmo; não posso ler quando acordo de noite,
Não posso escrever quando acordo de noite,
Não posso pensar quando acordo de noite —
Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!

Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!

Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo,

E o meu sentimento é um pensamento vazio.
Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam
— Todas aquelas de que me arrependo e me culpo;
Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada,
E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.

Não tenho força para ter energia para acender um cigarro.
Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo.
Lá fora há o silêncio dessa coisa toda.
Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer,
Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir.

Estou escrevendo versos realmente simpáticos —
Versos a dizer que não tenho nada que dizer,
Versos a teimar em dizer isso,
Versos, versos, versos, versos, versos...
Tantos versos...
E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim!

Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir.
Sou uma sensação sem pessoa correspondente,
Uma abstração de autoconsciência sem de quê,
Salvo o necessário para sentir consciência,
Salvo — sei lá salvo o quê...

Não durmo. Não durmo. Não durmo.
Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma!
Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!

Ó madrugada, tardas tanto... Vem...
Vem, inutilmente,
Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta...
Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste,
Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança,
Segundo a velha literatura das sensações.

Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança.
O meu cansaço entra pelo colchão dentro.
Doem-me as costas de não estar deitado de lado.
Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado.
Vem, madrugada, chega!

Que horas são? Não sei.
Não tenho energia para estender uma mão para o relógio,
Não tenho energia para nada, para mais nada...
Só para estes versos, escritos no dia seguinte.
Sim, escritos no dia seguinte.
Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte.

Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora.
Paz em toda a Natureza.
A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras.
Exatamente.
A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras.
Costuma dizer-se isto.
A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece,
Mas mesmo acordada a Humanidade esquece.
Exatamente. Mas não durmo."


Se este homem não existisse poderia pensar que estava sózinho no mundo.... ou melhor, ter-te-ia comigo, certo?

João disse...

Já agora, a propósito da "gastronomia"

http://www.youtube.com/watch?v=YPveifnSTGA&mode=related&search=