Estar, neste momento, a ler "África Acima" do Gonçalo Cadilhe, fez-me reviver uma das melhores viagens que já fiz: Marrocos. Foi, sem dúvida, uma viagem marcante na minha vida. Por várias razões: A primeira, porque éramos 4 (3 rapazes e 1 rapariga), de jipe, saídos de Portugal e decididos a correr um País vizinho, mas distante (em todos os sentidos), e principalmente conhecer as suas gentes e locais mais verdadeiros. A segunda, porque foi, talvez, a primeira viagem que fiz, de descoberta e aventura. Mais não tínhamos do que alguns locais de referência por onde gostaríamos de passar. E um mapa. A terceira pelo entusiasmo que levávamos, mantivemos, e pelos vistos, pelo menos eu, mantenho até hoje.
Desde a travessia de Ferry-boat, onde nos vimos obrigados a fazer um “novo” seguro (que nos custou grande parte do orçamento que levávamos...) para o jipe, passando pela pequena Chefchaouen com as suas "atracções" menos turísticas (ou não...) e a sua arquitectura maravilhosa, passando ainda por Fez e Meknés, onde numa delas dormimos numa pousada da juventude indescritível, e na outra tivemos a primeira sensação que não mais sairíamos de lá vivos, e ainda por Ifrane (Os "Alpes" marroquinos") que é apenas, e só, uma estação de sky no meio do Atlas Marroquino...
Nas Cascatas d'Ouzoud, no Alto Atlas, vimo-nos obrigados a acampar pela primeira vez. Por parque de campismo, entende-se, por ali, cerca de 10/ 15 m2! Mas foi aí que conhecemos o nosso fiel guia, Ahmed (não havia também grandes hipóteses: ou Ahmed ou Mohamed!), que nos proporcionou excelentes momentos, tais como a visita à sua aldeia, onde estava a decorrer uma feira berbere (se não me engano em Khenifra), tão autêntica ou tão pouco, que nos sentimos verdadeiros extra-terrestres com a forma como todos (e não eram poucos!) olhavam para nós! Vimos desde corridas de cavalos (não eram bem puros árabes, mas sim umas belas pilecas...), até a comercialização dos mesmos (a principal razão destas corridas, com mosquetes e tudo!), passando por um mercado com todas as suas cores, um talho com toda a sua... particularidade, até um pequeno café onde podemos, descansadamente, beber... outro chá de menta. Comprámos, no mercado e no talho, o jantar, e fomos até casa do avô de Ahmed (já a meio caminho do deserto, literalmente no meio de nada), onde, aí, as suas tias (não me lembro bem, mas eram para aí 4), cozinharam o jantar. Um belo Tagine de borrego, batatas e legumes (felizmente, sem cous-cous...). Tinha sido essa a combinação: nós comprávamos o jantar, o Ahmed levava-nos até casa do seu avô, e por lá jantaríamos. Trazer a menina do grupo é que foi mais complicado, pois as mulheres (que comeram separadamente de nós (excepto a nossa ocidental!) queriam, a toda a força, que ela lá ficasse: “vêm buscá-la amanhã”, traduziu o Ahmed no seu espanhol afrancesado. Inesquecível.
Guardo, obviamente, também na memória a estadia em Marrakesh, com a sua praça Djemaa el-Fna (com a Koutobia como plano de fundo) cuja imagem fica gravada na memória durante muito tempo, principalmente a imagem à noite, a Medina (em que pela terceira vez, pensámos que não sairíamos dali vivos...) labiríntica e apaixonante, o quarto de hotel, que por falta de vagas ia sendo ao relento, mas com alguma "sorte" acabou por ter paredes e bastantes companheiros (baratas)...
Erro da viagem: o facto de não termos seguido para o deserto (para o qual já tínhamos até contactos de guias) e termos decidido desviar para a costa. Isto porque o dinheiro estava a acabar, o cansaço já começava a apertar e 3 momentos em que pensávamos já não voltar a ver solo Europeu, pareceram-nos, na altura, suficientes... O regresso pela costa – Agadir e Essaouira como zona de praia, não se revelaram aquilo que nós procurávamos. No entanto, tivemos ainda, para recordar, uma estadia num parque de campismo perto de Sali, alguns kms antes de Rabat, totalmente surreal (linha do mar, linha da praia, linha de casa de banho, linha de tendas, linha de caravanas, por esta ordem, e a primeira separada da última por uns "bons"... 50 metros!), a noite dormida num hotel (na verdadeira acessão da palavra!) em Casablanca (que ainda deu para ver (ao longe) a monumental Mesquita Hassan II) e o rápido retorno pelo ferry que antes nos tinha iniciado nesta aventura. Foi um súbito terminar de viagem. Nesta altura, já tínhamos perfeitamente identificado o erro de não termos seguido para o incógnito do deserto...
Ficam como principais memórias, as pessoas, a hospitalidade, os locais, os sustos e... a vontade de ver mais! Noutra altura talvez.
Grande viagem. Grandes saudades... Para a Mary, Esticonight e Puskito (meus companheiros de viagem) um "Salam aleikum"! No pasa nada...!!
Desde a travessia de Ferry-boat, onde nos vimos obrigados a fazer um “novo” seguro (que nos custou grande parte do orçamento que levávamos...) para o jipe, passando pela pequena Chefchaouen com as suas "atracções" menos turísticas (ou não...) e a sua arquitectura maravilhosa, passando ainda por Fez e Meknés, onde numa delas dormimos numa pousada da juventude indescritível, e na outra tivemos a primeira sensação que não mais sairíamos de lá vivos, e ainda por Ifrane (Os "Alpes" marroquinos") que é apenas, e só, uma estação de sky no meio do Atlas Marroquino...
Nas Cascatas d'Ouzoud, no Alto Atlas, vimo-nos obrigados a acampar pela primeira vez. Por parque de campismo, entende-se, por ali, cerca de 10/ 15 m2! Mas foi aí que conhecemos o nosso fiel guia, Ahmed (não havia também grandes hipóteses: ou Ahmed ou Mohamed!), que nos proporcionou excelentes momentos, tais como a visita à sua aldeia, onde estava a decorrer uma feira berbere (se não me engano em Khenifra), tão autêntica ou tão pouco, que nos sentimos verdadeiros extra-terrestres com a forma como todos (e não eram poucos!) olhavam para nós! Vimos desde corridas de cavalos (não eram bem puros árabes, mas sim umas belas pilecas...), até a comercialização dos mesmos (a principal razão destas corridas, com mosquetes e tudo!), passando por um mercado com todas as suas cores, um talho com toda a sua... particularidade, até um pequeno café onde podemos, descansadamente, beber... outro chá de menta. Comprámos, no mercado e no talho, o jantar, e fomos até casa do avô de Ahmed (já a meio caminho do deserto, literalmente no meio de nada), onde, aí, as suas tias (não me lembro bem, mas eram para aí 4), cozinharam o jantar. Um belo Tagine de borrego, batatas e legumes (felizmente, sem cous-cous...). Tinha sido essa a combinação: nós comprávamos o jantar, o Ahmed levava-nos até casa do seu avô, e por lá jantaríamos. Trazer a menina do grupo é que foi mais complicado, pois as mulheres (que comeram separadamente de nós (excepto a nossa ocidental!) queriam, a toda a força, que ela lá ficasse: “vêm buscá-la amanhã”, traduziu o Ahmed no seu espanhol afrancesado. Inesquecível.
Guardo, obviamente, também na memória a estadia em Marrakesh, com a sua praça Djemaa el-Fna (com a Koutobia como plano de fundo) cuja imagem fica gravada na memória durante muito tempo, principalmente a imagem à noite, a Medina (em que pela terceira vez, pensámos que não sairíamos dali vivos...) labiríntica e apaixonante, o quarto de hotel, que por falta de vagas ia sendo ao relento, mas com alguma "sorte" acabou por ter paredes e bastantes companheiros (baratas)...
Erro da viagem: o facto de não termos seguido para o deserto (para o qual já tínhamos até contactos de guias) e termos decidido desviar para a costa. Isto porque o dinheiro estava a acabar, o cansaço já começava a apertar e 3 momentos em que pensávamos já não voltar a ver solo Europeu, pareceram-nos, na altura, suficientes... O regresso pela costa – Agadir e Essaouira como zona de praia, não se revelaram aquilo que nós procurávamos. No entanto, tivemos ainda, para recordar, uma estadia num parque de campismo perto de Sali, alguns kms antes de Rabat, totalmente surreal (linha do mar, linha da praia, linha de casa de banho, linha de tendas, linha de caravanas, por esta ordem, e a primeira separada da última por uns "bons"... 50 metros!), a noite dormida num hotel (na verdadeira acessão da palavra!) em Casablanca (que ainda deu para ver (ao longe) a monumental Mesquita Hassan II) e o rápido retorno pelo ferry que antes nos tinha iniciado nesta aventura. Foi um súbito terminar de viagem. Nesta altura, já tínhamos perfeitamente identificado o erro de não termos seguido para o incógnito do deserto...
Ficam como principais memórias, as pessoas, a hospitalidade, os locais, os sustos e... a vontade de ver mais! Noutra altura talvez.
Grande viagem. Grandes saudades... Para a Mary, Esticonight e Puskito (meus companheiros de viagem) um "Salam aleikum"! No pasa nada...!!
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